quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Prática pedagógica inclusiva

Quando nos solicitaram o compartilhamento de uma prática pedagógica inclusiva fiquei motivada a encontrar e compartilhar práticas do meu campus. Estamos iniciando nossas práticas aqui no campus Suzano e, embora eu saiba de algumas adaptações aqui e ali, não encontrei algo que me chamou atenção ou que tivéssemos fotos para postar. Mandei alguns e-mails, perguntei e nada. Foi quando encontrei uma atividade linda que o Professor de Libras, Ricardo, e o Tradutor e Intérprete de Libras, Vinícius, fizeram na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Eles pediram aos alunos do curso de Tradução e Interpretação que preparassem histórias infantis em Libras para apresentar ao público do campus. Foi uma graça e houve grande receptividade dos alunos, principalmente, dos cursos integrados. Fizeram também um sarau de poesias. Compartilho com vocês as fotos:


Em sala de aula tenho alguns relatos de sensibilidade de professores para com algumas necessidades dos alunos que sempre me comovem. São iniciativas e relatos de práticas inclusivas baseadas na percepção da necessidade assim que ela se manifesta. Comecei a descrever algumas, mas não quis correr o risco de expor pessoas que não se identificam como público-alvo do NAPNE. Achei por bem não descrevê-las. Estas práticas me lembram cotidianamente que a atitude inclusiva é o ponto de partida para o início de um belo trabalho.
#PraCegoVer

domingo, 27 de novembro de 2016

Acessibilidade e Inclusão


Este texto é mais uma atividade avaliativa do curso IFSP para tod@s.

Neste módulo estudamos design universal e acessibilidade e vou escrever sobre o tópico que mais chamou minha atenção: a acessibilidade atitudinal.


#PraCegoVer 

Mas o que é isso?
Acessibilidade atitudinal é o nome que foi dado ao conceito que trata da barreira do preconceito, da desinformação, das atitudes que constituem barreiras para ocorrer uma inclusão plena de pessoas com deficiência. 
No dia-a-dia vemos muitas pessoas desinformadas que tratam deficientes como incapazes ou apenas ressaltam suas dificuldades, sem enxergar suas habilidades e potencialidades. Como se houvesse um jeito, e apenas um, de viver a vida, de fazer as atividades cotidianas e até de encarar o mundo. Se pensarmos um pouquinho sobre o assunto, sem muito esforço, podemos ver que não é bem assim.
Vemos as barreiras que pessoas com deficiência enfrentam todos os dias por falta de acessibilidade e às transpõem! Será que elas são tão incapazes assim? Muito pelo contrário! Surpreendem a todos com sua força de vontade, capacidade de contornar obstáculos e persistência, que acabam desenvolvendo quando incentivados desde pequenos a ser mais autônomos e a encarar de frente suas maiores dificuldades. Lendo esse texto você bem que consegue imaginar algumas pessoas que poderiam aprender essas habilidades com elas, não é mesmo?
Aprender a olhar o mundo por outra perspectiva é sempre um exercício interessante e importante. Vamos identificar nossos preconceitos sobre o tema e lidar com eles? Quanto mais informação e mais contato menor o preconceito. A pior cegueira é a da ignorância. #PraCegoVer




sábado, 24 de setembro de 2016

“A pessoa com deficiência na minha história de vida”

Quando criança não tive muito contato com crianças com deficiência. Na escola em que estudava, no ensino fundamental, havia dois cegos em uma turma um ano adiante da minha. Sempre tive curiosidade em conversar com eles, mas nunca o fiz. Apesar de eles estarem na escola regular, não fomos incentivados a interagir com eles. Acredito que seus colegas de turma sim, pois os tratavam, aparentemente, de forma igualitária. Eles não tinham acompanhantes fixos, circulavam pela escola com suas bengalas sozinhos ou na companhia de colegas e, eventualmente, de um inspetor. Lembro da minha curiosidade sobre as máquinas de escrever e de observar o contorno dos olhos de um deles. Uma das meninas era muito estilosa e usava um óculos fumê, não era completamente escuro nem translúcido. Era marrom claro e não lembro de a ver de olhos abertos. Essas são minhas memórias mais infantis.
Outra memória bastante vívida é de uma criança com síndrome de Down na praia. Lembro do amigo do meu pai todo carinhoso com aquela criança desconhecida, enquanto seu filho, um pouco egoísta, brigava com ele pelo brinquedo e seu pai tentava, docemente, contornar o conflito. A mãe da criança apareceu e ficou muito sem graça, mas pude ver nos olhos dela a gratidão pela forma com que ele tratava o filho dela. Depois, devo ter perguntado algo sobre a situação e minha mãe me explicou que o tio tinha uma irmã com esta síndrome que havia falecido há alguns anos e que ele sentia saudades dela.
Quando adolescente lembro de ir a uma festa de uma colega de escola e me deparar com seu priminho autista. Foi a primeira definição que me foi apresentada: ele tem dificuldade em interagir com as pessoas. Lembro de estranhar a situação, pois não compreendia o que aquilo queria dizer.
Na faculdade, um colega meu se ofereceu para ficar na casa dos meus pais para participar de um congresso sobre surdez. Eu acabei me inscrevendo e indo com ele. Fiquei maravilhada com a LIBRAS, o orgulho e a cultura surda. Foi a primeira vez em que eu vi a deficiência como algo positivo, apesar de, muitas vezes, não necessariamente ver como algo negativo.
Convivi minha vida inteira com uma tia que mancava muito em decorrência de uma poliomelite na infância. Nunca a vi como deficiente. Na infância ela era uma heroína para mim e para os outros sobrinhos, pois ela contava histórias, propunha e se envolvia em nossas brincadeiras.
Hoje, divido minhas meus dias, minhas alegrias, minhas tristezas e muito amor com meu companheiro que é considerado pessoa com deficiência. Ele é monocular. Perdeu a visão em um acidente doméstico na infância. Embora não tenha grandes limitações, ele é um exemplo para mim. Uma exemplo de superação e de como uma pessoa pode ser carinhosa nessa vida.